quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Caixa do Quintal




Não há caixa maior e com mais tralha lá dentro que a casa do Cartaxo.!!!
Mais conhecida por Casa do Quintal tem sido nos últimos ….20 anos…depósito para tudo quanto é pratinho rachado, chávena lascada, bibelôt piroso, calção apertado, lençol velho, cortina rota, almofada passada, etc., etc., etc.…
Claro que algumas destas coisas ganharam realmente o seu papel imprescindível na casa e nas noite que lá se passam…..As velhas cartas de jogar têm uma textura única, parecem ensabonetadas e até o cheiro parece que fica colado na língua…mas eu gosto delas….estão sempre lá à espera para uma bisca junto à lareira com metade do corpo a ferver do fogo e a outra gelada recebendo a aragem nocturna que desce da chaminé do fogão, … numa mão as cartas, na outra uma amêndoa amarga, ou um licor beirão, ou um copo de tinto do Cartaxo para não ficar em baixo…. Na manhã seguinte há cheiro a café e cinza e na “esplanada “ do quintal onde a humidade desce para o fundo daquela caixa, paira também o cheiro a laranja ou tangerina, e no verão o cheiro doce das ameixas que caíram e se esborracham na terra subjacente e é então um festim para abelhas, vespas e outras espécies gulosas que zumbem perigosamente à superfície de chão.

Na Casa do Quintal fazem-se agora mudanças, arrumações, selecções, restauros, re e construções, mas para que a poesia e a magia nos continue a levar para lá a jogar umas biscas, subir às arvores e tomar banhos de mangueira…..

2 comentários:

Anónimo disse...

lindo...lindo...!
gosto muito da prosa poética.

João

ze bird disse...

é mesmo mesmo assim a casa do quintal.